Por Você, Tudo Bem

Eu odeio esperar.
Sei bem como são seus horários, a gente marca as 13h e você me aparece as 14h com um cardápio de desculpas pra eu escolher.
Elegante, prefiro evitar discussões pra gente sair logo. Geralmente espero de pé e geralmente minhas pernas quase se partem ao meio de dor. Só por você mesmo, né.
Mas dessa vez você está exagerando, já faz mais de UMA HORA E MEIA que te espero aqui e nada!
Li todos os contatos do meu celular, mandei mensagens pra alguns. Já contei quantas pessoas passam por mim. Já reparei que neste Outono as botas estão em alta com as mulheres! Notei também que os homens estão se entregando ao cachecol. Já li o anúncio de restaurante aqui na minha frente umas 30 vezes. Até já encontrei um amigo de muito tempo perdido por aqui.
E nada de você.
E nada de você atender o celular pra me dar uma posição.
Começo a pensar groselha. Penso que provavelmente se perdeu entre o mar de gente, ou pior, que se esqueceu que marcamos de nos encontrar. Das mais de mil músicas que tenho no iPod já não aguento ouvir nenhuma.
Espero que, pelo menos, você seja sensata o suficiente para me trazer chocolates de consolação.
Mais uma dezena de minutos depois, eis que vem você. A minha vontade é de virar as costas andando, ou de fixar meus olhos nos teus pra demonstrar o tamanho da minha raiva. Paro na vontade.
Não aguento te ver de longe tentando organizar a bolsa toda desajeitada. Não aguento te ver de longe dando mais uma volta do echarpe. Não aguento te ver de longe me procurando parecendo não lembrar que eu estou no lugar de sempre.
Eu quero e até acharia justo, mas não consigo ter raiva de você!
Se aproxima, exibe um olhar de súplica pelo atraso, não falamos nada. E eu, elegante, prefiro evitar discussões pra gente sair logo.

Mal sabe você que o que acontece toda vez é que eu fico sem palavras pra te explicar como me faz bem te encontrar. No fim, eu acabo tendo raiva de mim por não conseguir ter raiva de você.

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